ARTIGO - Dia do Jornalista
Salve o Nosso Dia, Dona Manoela !
Lino Tavares
Hoje é o dia do jornalista. Mas este 7 de abril, para mim que sou comunicador, tem um significado mais abrangente, posto que é o aniversário de minha saudosa Mãe Manoela, que hoje estaria completando 109 anos. Ela era uma pessoa muito especial, pois encarava a vida de frente, misturando fé e coragem, estando por isso sempre preparada para enfrentar e superar qualquer adversidade que surgisse no seu caminho. Sempre contava com orgulho que, quando criança, matou um cobra cascavel com uma vara da porteira, no sítio onde nasceu e cresceu, no município gaúcho de Dom Feliciano. Quando meu pai aposentou-se, ainda jovem, por haver perdido uma perna num acidenta na mina de carvão, o casal tinha quatro filhos. Depois vieram mais dois e aí o salário da aposentadoria ficou pequeno para prover o sustento da família. Buscando uma forma de aumentar a renda familiar, minha mãe sugeriu ao marido abrirem um pequeno armazém, que acabou dando certo, proporcionando à família condições dignas de sobrevivência. Todos trabalhavam no pequeno negócio, mas o cérebro e o braço forte da casa comercial era a mãe Manoela, que levantava às 6h da manhã para abrir a "bodega" - como ela chamava - e só saía de trás do balcão ao anoitecer. Ela fazia conta de cabeça com extrema rapidez e, quando preciso, pegava no pesado levantando sacos de mantimentos de 60 Kg.
Sempre bem informada, pois adorava ouvir no rádio o "noticioso", cujo mais famoso era o "Repórter Esso", Dona Manoela era uma mulher politizada, tendo opinião formada acerca dos fatos políticos e ideológicos da época . Não gostava dos partidos de esquerda, por serem os que incitavam greves com atos de violência que prejudicavam a população. Tinha enorme aversão ao comunismo, o que a tornava fã do jornalista Carlos Lacerda, um dos que mais combatiam essa doutrina, e também do Marechal Castelo Branco, por ter sido o principal líder do contra-golpe que depôs o governo de João Goulart, colocando fim nos avanços dos movimentos que lutavam pela implantação do regime comunista no Brasil. Inspirada nesses célebres brasileiros, ela repetia sempre que o maior orgulho de sua vida seria ter um filho jornalista e outro militar.
Parece que Deus a ouviu e resolveu atendê-la nesse desejo, cabendo a mim e ao meu irmão Assis proporcionar-lhe o prazer do filho militar (em dose dupla, vale observar), sendo que eu completei o seu desiderato me formando jornalista na PUC, em Porto Alegre, cujo anel de formatura me foi colocado no dedo, como se vê na foto, por essa mulher extraordinária, que por uma feliz coincidência nasceu na data de 7 de abril, consagrada como o Dia do Jornalista, o que para mim representa algo muito especial. Afinal, eu sou jornalista e, mais do que isso, sou filho da ilustre aniversariante, hoje habitando o Reino de Deus, certamente focada nos "noticiosos" aqui da Terra, torcendo para que o Impeachment da Dilma se concretize, "botando essa comunista para correr do Palácio do Planalto" - como diria ela se estivesse entre nós.
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