Artigos - Tributo a Jerry Adriani

    Nova Jersey, USA, domingo, 23 de abril de 2017

                Tributo a Jerry Adriani 

                           Lino Tavares  

     A música brasileira perdeu neste domingo, 23 de abril de 2017, um de seus grandes cantores de época, nacionalmente conhecido pelo nome artístico de Jerry Adriani. Partiu para o outro plano aos 70 anos, relativamente jovem, para os padrões de hoje em que a expectativa de vida aumentou acompanhando o ritmo da evolução cientifica. Quem é da terceira idade ou, mesmo não sendo, cultiva preferência por aquelas músicas que atravessam gerações, sempre viu na figura desse cantor um  talento ímpar, associado a uma carreira artística exemplar, que nasceu e cresceu na época de ouro da Jovem Guarda, na qual Jerry Adriani foi uma estrela ascendente, encantando milhões de fãs ao quais cativava pela simplicidade com que se relacionava com pessoas de todas as camadas sociais. 

    Seu nome de batismo era Jair Alves de Souza, tendo nascido na cidade de São Paulo em 29 de janeiro de 1947. Seus primeiros passos na vida de cantor iniciaram no difícil ano de 1964, quando o Brasil vivia uma transição nos altos escalões do poder, com a implantação de um regime de exceção que dava novo rumo político e ideológico ao país. Consciente do que queria e podia, Jerry Adriani deu curso à sua trajetória artística, voltando seu foco exclusivamente para a carreira que abraçou, tornado-se um intérprete aplaudido e admirado pelos apreciadores da boa música, incluindo em seu repertório canções quase sempre românticas, independente do gênero rítmico a que pertencessem, como o comprova o lançamento de seu primeiro LP "Italianíssimo", sucedido no mesmo ano pela gravação do disco "Credi a Me". 

    Daí por diante, Jerry despontou como um "sputnik" chegando ao hit parade ao lado de uma constelação de astros pop que tinha no Rei Roberto Carlos o grande condutor do trem da alegria musical daqueles anos dourados que o Brasil e o mundo jamais irão esquecer. Na sua trajetória de sucessos, incluem-se participações marcantes em grandes programas de TV, bem como em  produções cinematográficas e shows de casa cheia , no Brasil e no exterior, que o guindaram ao grupo seleto dos cantores de primeira grandeza de nosso país. 

    No cotidiano de sua convivência cordial e cooperativa, revelou-se um colega respeitado e admirado, dividindo espaço  com artistas famosos como Cidinha Campos, Neyde Aparecida, Betty Farias, Marília Pera e vários outros. Sempre com a mão estendida para ajudar os que buscavam a realização  do sonho, contribuiu para a ida de Raul Seixas para o Rio de Janeiro, de quem era amigo desde a época em que Seixas tinha uma banda em Salvador,  tendo-o como seu produtor entre 1969 e 1971. Seu portfólio é riquíssima e, por conta dele, Jerry Adriani despede-se da vida deixando-nos um legado de lindas canções gravadas,que sempre estarão nos arquivos musicais públicos e pessoais dos que se orgulham em dizer "eu tenho bom gosto musical". Que Deus o tenha, Jerry. Você agora é luz e sua linda voz ecoará para sempre como um hino de amor e inebriante emoção.