quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

OPINIÃO - Artigo: Dom Paulo Evaristo Arns


              Nova Jersey, USA, quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

           O Cardeal ideológico que partiu 
                       Lino Tavares 

   Nada pode ser mais cínico no campo da comunicação de massa do Brasil do que a Rede Globo. Toda vez que morre um crítico famoso do chamado "Regime Militar", a emissora fundada pelo co-revolucionário de 1964, Roberto Marinho, incluiu na notícia sobre o falecimento da "celebridade" aquela lenga-lenga do tipo  "lutou contra a ditadura militar em defesa dos direitos humanos, etc".  
    Morreu, aos 95 anos de idade, o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, que deixou um belo legado de realizações no campo eclesiástico e na área social. Suas qualidades como administrador da Igreja eram inegáveis, mas não tornavam esse líder religioso um cidadão íntegro no que diz respeito às suas posições de natureza política e ideológica, que eram tão contraditórias quanto a desses artistas, como Chico Buarque, que se queixam de um período de governo em que desfrutaram de respaldo social e econômico para desenvolver sua arte e enriquecer no exercício dela.
   As mentiras orquestradas por Dom Paulo Evaristo Arns a respeito de um suposto estado ditatorial  opressor e desumano representado pelo governo de exceção,  que impediu a comunização do Brasil,  eram tão deslavadas que sua própria longevidade na alta cúpula da Igreja Católica, cultivando uma posição crítica em relação ao governo da época, comprova em si mesma a existência de liberdade religiosa e de livre manifestação do pensamento naquele período.  Será que se Dom Paulo fosse chefe religioso em Cuba, na Coreia do Norte ou na antiga União Soviética (caso essas ditaduras comunistas admitissem práticas religiosas) teria cultivado essa postura crítica em relação ao poder vigente, sem sofrer na pele os dissabores de um xilindró imundo, como preso político, e quem sabe até uma condenação à morte, por tamanha ousadia ?
   Nessa enxurrada de invencionices orquestradas pelas legiões derrotadas da esquerda pusilânime, consta que Dom Paulo Evaristo Arns teria pedido ao presidente Médici para não continuar com essas supostas ações atentatórias aos direitos humanos, tendo o chefe da nação dito ao cardeal que cuidasse da sua Igreja que ele cuidaria do governo do país. É evidente que, se o representante da Igreja tivesse feito essa acusação ao presidente da República, insinuando ser responsável por atos condenáveis do ponto de vista humano e legal, não teria como resposta uma observação tão infantil como essa, mas sim uma intimação para responder judicialmente por tão grave acusação. É de tal sorte infeliz essa versão que, se considerada verdadeira, então valeria como prova de que não havia repressão aos críticos do governo, já que alguém teria afrontado o mais alto mandatário da nação sem sofrer as tais punições desumanas atribuídas a outros ativistas do mesmo viés ideológico.
   Com todo respeito que merece como grande líder católico que foi, eu definiria Dom Paulo Evaristo Arns como alguém que trouxe de berço a vocação para a política demagógica, mas errou o caminho de sua trajetória vocacional, ingressando na carreira episcopal, sem contudo abrir mão dessa tendência inata, aliando-se, para saciar seu apetite ideológico, aos movimentos que viam no Governo patriótico da época uma fortaleza intransponível,  brecando suas ações nefastas de alta traição à Pátria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário