domingo, 4 de dezembro de 2016

CULTURA: Artigo sobre o poeta Ferreira Gullar




      Nova Jersey, USA, domingo, 4 de dezembro de 2016
 Justo tributo a Ferreira Gullar
                        Lino Tavares
    Ainda sob o efeito da comoção relativa  ao acidente que vitimou os briosos atletas da Chapecoense e vários profissionais da mídia, entre outros, o Brasil perdeu hoje um grande representante de nossa elite pensante, com a morte de Ferreira Gullar, aos 86 anos de idade. É provável que entre os que leem esse artigo exista quem estranhe eu estar conferindo uma conceituação de grandeza a alguém que militou na juventude comunista das décadas de 60 e 70, tendo inclusive frequentado cursos acerca dessa ideologia na União Soviética. Claro que essa estranheza só pode ocorrer entre aqueles que conhecem a minha posição anti esquerdista, fundamentada nos males que a extrema esquerda causou e, agora em menor escala, continua causando a milhões de pessoas subjugadas aos ditames ideológicos  da "ditadura vermelha".
   Ocorre que José Ribamar Ferreira (esse era o nome de batismo de Ferreira Gulart) fazia parte daqueles marxistas puritanos, contra os quais nada tenho em contrário, que abraçam ou abraçaram essa filosofia de vida em sociedade por acreditarem que o sonho da equidade social entre os povos, inserido no contexto da doutrina de Carl Marx, seria viável neste Planeta onde a simples divisão de uma partilha de bens precisa ser feita sob a mediação do poder Judiciário, para que não haja logro entre os herdeiros. Mas o direito de sonhar é sagrado e cabe a cada ser humano respeitar os sonhos de seus semelhantes, ainda que mirabolantes e notoriamente impossíveis de se tornarem realidade.
   O que não pode ser tolerada é a tentativa de impor nossos sonhos ao contexto social a que pertencemos, como se fôssemos escolhidos de Deus para fazer prevalecer as nossas verdades sobre as de nossos semelhantes. É por essa singela razão que o nosso país, nascido sob o signo da Cruz, no Ilhéu da Coroa Vermelha, e democratizado na plenitude a partir da Proclamação da República,  jamais aceitou que forças exteriores, como o Movimento Comunista Internacional, torpedeassem a nossa frágil democracia com a inclusão da Pátria gigante na teia da chamada "Cortina de Ferro", subjugada à ditadura do proletariado comandada pelo governo impositivo de Moscou.
   Passado cerca de meio século do fim da Guerra Freia, é possível estabelecer hoje um divisor de águas entre os que naquele período de nossa história lutaram ombro a ombro na tentativa - inglória, é bom não esquecer - de colorir de "vermelho soviético" o mapa do Brasil. De um lado,  temos os arautos da extrema esquerda prepotente, que continuam perseverando no seu intento de implantar neste país um regime autocrático de viés esquerdista, não para ver materializada a utopia do ideal marxista, com propósitos humanitários, mas sim para se incluírem na cúpula dominante do ambicionado estado totalitário. De outro lado, temos os antigos militantes comunistas, que eram autênticos na defesa de suas ideias marxistas, por acreditarem que seria possível a equidade social entre os humanos,  mas que hoje admitem que estavam equivocados, depois que viram ruir o Império Soviético com a consequente queda do Muro de Berlim. 
   Entres esses, que são pouco numerosos, mas nem por isso indignos de aplauso, figurava o extraordinário poeta, compositor, dramaturgo e jornalista, membro da Academia Brasileira de Letras, Ferreira Gullar, que deixa, entre seus inúmeros legados aos compatriotas,  manifestações como a que se vê a seguir, corroborando aquele senso de humildade próprio dos sábios, únicos seres capazes de mudar de opinião ao descobrirem que estavam na contramão da verdade.
    Ele comentou que bacharelou em subversão em Moscou durante o seu exílio, mas que atualmente devido a uma maior reflexão, experiência de vida, e de observar as coisas irem acontecendo se desiludiu do socialismo e que socialismo não faz mais sentido,  pois fracassou. Diz: "Toda sociedade é, por definição, conservadora, uma vez que, sem princípios e valores estabelecidos, seria impossível o convívio social. Uma comunidade cujos princípios e normas mudassem a cada dia seria caótica e, por isso mesmo, inviável". (Confira no link:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferreira_Gullar)

   Tenho muito orgulho dos diversos trabalhos cinematográficos realizado por meu filho Dimitre Lucho, cineasta proprietário de uma produtora do gênero em São Paulo. Entre suas realizações, orgulha-me de maneira especial o curta metragem que produziu e dirigiu, dividindo parceria,  inspirado no belo poema de Ferreira Gullar intitulado Pela Rua, como se vê no vídeo da publicação a seguir:  
     

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